A pandemia do novo coronavírus agravou os desafios enfrentados pelos fundos de pensão. “Se antes tínhamos de enfrentar a expressiva queda das taxas de juros dos títulos públicos, que continua, agora vêm os efeitos da forte queda no nível de atividade econômica e emprego.” A opinião é do presidente da FUNCEF, Renato Villela, que participou de debate on-line da Comissão de Previdência Complementar da OAB-DF nesta terça-feira (23/6).
O principal desafio, observou ele, está em como alcançar metas de rentabilidade da carteira de investimentos num novo cenário macroeconômico de juros e inflação baixas, que provocou forte queda do retorno dos títulos públicos. “Voltamos a discutir a relação risco/retorno nos investimentos. Os fundos de pensão passaram a ter de aumentar o apetite a risco para alcançar as suas metas”, afirmou Villela.
A fórmula buscada pela FUNCEF para enfrentar o momento é simples, explicou ele: aprimoramento continuo do processo de tomada de decisão de investimentos em bases técnicas, seguindo as melhores práticas de mercado. Isso envolve o reforço da governança, uma gestão prudente de riscos e um rito transparente.
Efeito da crise
O efeito da atual crise, classificada por Villela como de extrema gravidade por não ser algo inerente ao funcionamento das economias, é que a gestão de ativos tornou-se ainda mais complexa diante das incertezas provocadas pela enorme oscilação (volatilidade) dos preços nos mercados financeiros.
“Isso reforça a necessidade de pensar com cabeça de gestor. Não adianta olhar para ativos específicos. O importante é o desempenho, em termos de rentabilidade, do portfólio. E a estratégia tem de ter como base a diversificação das carteiras, em relação a setores econômicos e classes de ativos”.
Segundo Villela, a FUNCEF não enfrenta o problema de liquidez: “Não está no nosso radar vender ativos sob pressão, mas monitoramos diariamente o mercado e analisamos possíveis cenários para verificar os riscos e oportunidades que podem surgir no futuro”.
Todas estas variáveis serão levadas em conta na revisão em curso da política de investimento. “A única certeza que temos hoje é que a retomada da economia será acidentada”, disse o presidente da Fundação.
Cuidado com os participantes
Outros dois desafios importantes superados pela FUNCEF foram a continuidade das operações para assegurar o pagamento em dia dos benefícios e o cuidado com os participantes, especialmente os inativos, muitos deles dentro do grupo de risco da Covid-19.
“Desde de 20 de março entramos em trabalho remoto; e já temos um plano preparado para a volta. Sabemos como, só não sabemos quando”, afirmou o presidente da Fundação.
Uma medida importante tomada neste período foi a de oferecer aos participantes com empréstimos FUNCEF a opção de postergar três meses de pagamentos.
“Foi uma decisão rápida e que envolveu várias áreas. Nossa preocupação foi a de minorar impactos da Covid-19 sobre as famílias, sobretudo aquelas com membros em idade mais elevada. Por isso, foi importante que a postergação não significasse aumento no valor das prestações”, disse Villela.
Comunicação Social da FUNCEF

