MENSAGEM DO CONSELHO DELIBERATIVO

No ano de 2015, a perda do grau de investimento do Brasil, com rebaixamento por duas agências classificadoras de risco, aliada às incertezas quanto ao crescimento da dívida interna, afetaram o nível de confiança dos investidores, provocando a queda de investimentos estrangeiros no País.

A alta da inflação e o desequilíbrio das contas públicas ocasionaram queda no crescimento econômico, agravada pela forte crise política que se instalou no país, inviabilizando a articulação necessária para que os ajustes monetários e fiscais pudessem ser enfrentados.

O cenário externo, também desfavorável, com destaque para o  aumento da taxa de juros americana e o desaquecimento da economia chinesa, com substancial queda no preço do petróleo e do minério de ferro, contribuiu para o agravamento da crise econômica brasileira, provocando efeitos negativos sobre os investimentos realizados no país e exigindo novo olhar sobre as macroalocações previstas na Política de Investimentos da FUNCEF, impondo um grande desafio à gestão do 3º maior fundo de pensão do país.

Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar – ABRAPP, o déficit dos fundos de pensão mais do que dobrou em 2015 e, pelo segundo ano consecutivo, a soma dos resultados negativos dos fundos deficitários, superou o total dos saldos superavitários. As principais causas verificadas no sistema como um todo, presenciadas também na FUNCEF, decorrem do desempenho da rentabilidade dos investimentos abaixo da meta atuarial, do crescimento do passivo impactado pelo aumento da longevidade, pelo aumento do provisionamento do contencioso judicial e pelo reflexo das taxas de juros, provocando o distanciamento da situação de equilíbrio nos Planos de Benefícios. Ressalta-se, também, que o cenário desfavorável, implicou não apenas na desvalorização de alguns ativos, mas também impediu a realização dos desinvestimentos previstos no ano passado.

Diante desse cenário, 2015 foi um ano de enfrentamento para a FUNCEF, visto que se deparou com um dos seus maiores desafios, qual seja, a estruturação de um plano de equacionamento, à luz dos regramentos estabelecidos, objetivando reconduzir o Fundo de Pensão à situação de equilíbrio, mas, ao mesmo tempo, impactando de forma direta na vida de participantes e assistidos, chamados, já neste ano, às contribuições extraordinárias. Importante destacar, que a situação de déficit não representa condição de insolvência dos Planos de Benefício da FUNCEF.

O ano de 2015 também foi fortemente marcado pelos impactos decorrentes das investigações da operação Lavo à Jato, em um movimento necessário para passar à limpo o país contra à corrupção. Os desdobramentos alcançaram segmentos importantes para o desenvolvimento do Brasil, como o da infraestrutura, com reflexos significativos nos investimentos realizados pelos maiores fundos de previdência complementar e privada do país.

Também, a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Fundos de Pensão trouxe para o centro político do país, a discussão sobre as necessárias medidas para a melhor gestão dos investimentos, amparada em boas práticas de governança corporativa.

Buscando respostas, em menor espaço possível, que possam evitar o aumento do déficit, necessário se fez, no ano de 2015, a alteração da função que direciona a macroalocação dos recursos garantidores dos Planos de Benefícios. Para tanto, alterou-se o foco do retorno esperado para meta atuarial acumulada mais 1% no horizonte da Política de Investimentos, perseguindo, em atitude mais conservadora, o aumento da exposição em títulos de renda fixa, oportunizando o cenário de alta de juros e da inflação, com a contrapartida redução da participação em renda variável e investimentos estruturados.

Tal manobra precisa, ao mesmo tempo, resguardar, no horizonte de longo prazo, a liquidez e a rentabilidade suficientes para honrar os compromissos futuros perante os participantes e assistidos, respeitando-se, contudo, o estágio de maturidade dos respectivos Planos de Benefícios, bem como o apetite ao risco daqueles que almejam usufruir, com tranquilidade, de sua aposentadoria.

Nesse contexto, a gestão integrada de ativos e passivos se mostra como um dos grandes desafios enfrentados pela FUNCEF, o que requer práticas robustas de gestão de riscos em alinhamento aos preceitos do ambiente regulatório, em crescente evolução, bem como ao intenso trabalho voltado ao fomento da cultura e do conceito da poupança de longo prazo. A revisão das premissas de risco/retorno, em fase conclusiva, será incorporada na Política de Investimentos para o próximo quinquênio, como instrumento fundamental dessa jornada.

Além das medidas para diminuir o risco e a volatilidade dos investimentos, com redução da exposição em renda variável à patamares mínimos definidos na Política de Investimentos, a FUNCEF deverá seguir austera com todas as demais ações que estiverem a seu alcance e que sejam necessárias à reversão do déficit acumulado nos últimos anos, com atenção firme ao controle das despesas realizadas pela Fundação.

Assim, conscientes do momento econômico pelo qual o país atravessa, mas que começa a apontar sinais de recuperação já no próximo ano, as dificuldades serão superadas com resiliência, profissionalismo, e comprometimento, para que assim a FUNCEF continue perseguindo o foco central da sua missão, qual seja, promover segurança e qualidade de vida aos participantes dos seus planos de benefícios.

 

Joaquim Lima de Oliveira
Presidente do Conselho Deliberativo da FUNCEF